Entrevista

As tatuagens de Cláudia Jacques

“Tenho um anjinho no braço que fiz quando o meu pai morreu. Fiz eu e as minhas filhas”

Em homenagem ao pai, que faleceu a 19 de março de 2020, a relações-públicas e as filhas, Mafalda e Carolina, tatuaram um anjo da guarda no braço.

Com um corpo invejável, fruto de uma boa genética, muito exercício físisco e outros tratamentos, Cláudia Jacques exibe com orgulho as suas 10 tatuagens, que foi fazendo ao longo da vida. Todas elas têm um significado e a relações-públicas explica-nos o motivo que levou a fazer cada uma delas. As duas primeiras que evidencia são os nomes das filhas tatuados no pé esquerdo: Mafalda e Carolina. “são os meus dois grandes amores”. Depois fala em duas borboletas que não estão visíveis. “tenho duas que não se veem. As borboletas são a metamorfose e eu acho que já passei por algumas”, refere a relações-públicas que conta que após o 25 de abril mudou-se com os pais para o Rio de Janeiro.

“Quando eu fui viver para o Brasil, aos 13 anos,  senti que quando lá cheguei era uma lagartinha e transformei-me numa borboleta, porque eu saí daqui com 13 anos, a entrar na adolescência, que já é uma fase de transformação e ainda mais vinda de um Portugal pós revolução, de uma cidade como o Porto, em que era tudo muito cinzento e muito contido, para um Rio de Janeiro que é luz, sol, calor, alegria. É o oposto e aquela adaptação foi muito grande. Eu lembro-me que usava uns biquínis enormes, que se usavam no Porto, e as brasileiras usavam uns micro-biquínis e eu não me levantava da areia para ir ao mar, porque até tinha vergonha de andar no meio daquela gente assim, portanto tive uma luta gigante com os meus pais. Depois íamos às festas de aniversário naqueles clubes maravilhosos e as raparigas da minha idade já usavam saltos altos e maquilhavam-se e eu ia de vestidinho rodado, com ganchinho na cabeça e sapatinho raso, carinha lavada. Morria de vergonha”, recorda Cláudia Jacques e vai mais além: “Sentava-me numa cadeira lá bem afastada à espera que fossem horas de o meu pai me ir buscar, porque eu não ia dançar, sentia-me ridícula. Depois daquela luta com os meus pais consegui o biquíni de crochet pequenino, uns sapatos com saltinho e que me deixassem pôr um pouco de maquilhagem, portanto, eu fui uma lagartinha e transformei-me numa borboleta. Uma das borboletas que tenho no corpo significa isso. A outra está na zona da cicatriz da cesariana, quando nasceu a minha filha. Foi outra grande mudança: quando somos mães sofremos uma grande transformação”, esclarece e acrescenta: “Também tenho as minhas asas que significam o meu anjo da guarda. Quando nasci, nasci com o rabo, virado para as estrelas e a parteira disse a minha mãe: ‘esta menina vai ter muita sorte.’ E não sei porquê, mas já várias pessoas me disseram  que eu tenho um anjo da guarda muito forte e eu sinto isso, uma proteção muito grande. De há uns anos para cá passei a falar com o meu anjo da guarda constantemente”, confidencia e continua: “Tenho uma Unalome (no braço direito) que significa amadurecimento, representa  o caminho para a iluminação.”  Orgulhosa exibe a coroa que tatuou no braço esquerdo. “Adoro coroas e acho que, nós mulheres, de alguma forma, somos sempre rainhas nas nossas vidas, porque temos de ter a capacidade de fazer muitas coisas. De alguma forma coroei-me rainha a mim própria. Os meus amigos, muitas vezes dizem que eu sou a rainha deles e a princesa deles. Esta coroa foi o meu melhor  amigo que me mandou, o Joaquim Sampaio”, explica.

No pescoço tem a chave da vida tatuada. “Esta que tenho aqui atrás, a chave da vida, fiz na minha primeira viagem ao Egipto e quando lá estava, na descida do rio Nilo, quando saímos para ver aqueles monumentos maravilhosos, via-se muito a chave da vida nas mãos das figuras e eu olhei para a ela já de uma outra forma. Eu pensei assim: a imagem e o símbolo de nós termos a chave da nossa vida tem um significado fortíssimo. Não foi o significado do Egipto, eu transladei isto para outro sentido que é, eu quero ter a chave da minha vida, ou seja, eu posso abrir ou fechar portas de tudo o que eu quiser”, esclarece e exemplifica: “há assuntos da minha vida que eu não consigo resolver, porque não dependem só de mim, não vou destruir-me por causa disso, prefiro fechar aquela porta. Se um dia aquilo tiver solução, ok. Eu tenho a chave e abro essa porta. Tenho no pescoço a chave da vida a que juntei um coração porque uma é a ferramenta mais importante da nossa vida, que é o amor e não estou a referir-me só ao amor num relacionamento, mas a forma como nos  damos com os outros. Se formos com carinho e com boa vontade e delicadeza as pessoas estão mais disponíveis para me ouvir. Então  se pusermos um bocadinho de amor em tudo o que fizermos no dia a dia, quando nos relacionamos com os outros, vamos ser mais bem aceites, as pessoas vão gostar mais de nós, somos mais boas pessoas.” Outra tatuagem é o beijo que significa “um acto de amor e de carinho para quem gostamos”. Mais recentemente, Cláudia Jacques e as filhas, Mafalda e Carolina quiseram homenagiar o avô e tatuaram um pequeno anjo da guarda  junto ao cotovelo do braço direito. “Tenho um anjinho no braço que fiz quando o meu pai morreu. Fiz eu e as minhas filhas. Temos a mesma tatuagem. Porque a partir do momento em que ele morreu, eu disse: ‘o meu pai já não está aqui, mas está lá em cima junto do meu anjo da guarda e é mais um anjinho que eu tenho. Ele vai ajudar-me e cuidar de mim.’ Por fim, fala do coração que “significa amor. Não foi especificamente por nada. O amor é muito importante, é o que comanda a vida”, remata.

Agradecimentos: Hotel Moxy Lisboa Oriente, Loja Maria Marcelino, Inês Pereira Cabeleireiros

Fotos: Paula Alveno

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