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Coleção Pessoal da Pioneira de Arte Infantil, Marion Richardson

Mudou a face do estudo da arte como era conhecido na Inglaterra.

Na sala de leilões da Dreweatts surgiu um grande murmúrio quando foi feita a licitação de uma seleção de obras da coleção particular de uma das arrojadas artísticas e mais influentes do seu tempo, Marion Richardson (1892-1946).

Um autorretrato de Marion Richardson (1892-1946). @dreweatts1759

Entre as obras estava um auto-retrato da artista, que foi vendido por € 8.106,64 (£6.930), contra uma estimativa de € 350,93 a € 584,90 (£300-£500).

Marion Richardson foi a pioneira do movimento artístico infantil, mudou a forma como a arte era criada e utilizou-a como veículo de liberdade de expressão e uma nova forma de comunicação individual.

A artista inovou as regras tradicionais de estudo baseadas na cópia técnica de objetos, pessoas e ambientes e provocou a criação de um método novo e mais libertador, que mudou a face do estudo da arte como era conhecido na Inglaterra.

A coleção incluia algumas das suas obras, bem como algumas do grande artista e crítico britânico Roger Fry (1866-1934), de quem Richardson se tornou grande amiga ao longo de sua vida.

“Wooded Landscape with Hills Beyond”, assinada, datada e dedicada a Richardson pelo artista Roger Fry (1866-1934): “Marion Richardson/com os melhores votos de Natal/1926 Roger Fry”. @dreweatts1759

Uma pintura em ricos tons de terra, intitulada “Wooded Landscape with Hills Beyond”, foi vendida por € 10.357,50 (£ 8.820) contra uma estimativa de € 818,85 a € 1.169,79 (£ 700- £ 1.000), obra assinada, datada e dedicada a Richardson por Roger Fry “Marion Richardson/com votos de Natal/1926 Roger Fry”.

Natureza morta de uma jarra, maçãs e um castiçal, de Roger Fry (1866-1934). @dreweatts1759

Uma natureza morta colorida de Fry intitulada “Still Life of a Jar, Apples and a Candlestick Holder” foi vendida por € 10.317,50 (£ 8.820) contra uma estimativa de € 1.169,79 a € 1.754,69 (£ 1.000- £ 1.500).

As obras de Roger Fry foram oferecidas pelo próprio artista como presentes. Outras obras da Escola Britânica e do artista britânico Graham Sutherland (1903-1980), famoso por suas pinturas de paisagens abstratas e retratos de figuras públicas, também foram incluídas na coleção pessoal de Richardson.

A gravura de Sutherland, intitulada “Pastoral” foi vendida pelo valor imprevisto de € 17.687,2 (£ 15.120) contra uma estimativa de € 935,83 a € 1.403,75 (£ 800-£ 1.200). Era datado de 1938 e dedicado a Richardson: “Com os melhores votos de Natal/& amor de Jane e Kenneth Clark”.

Pastoral de Graham Sutherland, datado de 1938. @dreweatts1759

Comentando o resultado da coleção, Francesca Whitham, Especialista em Fotografia do departamento de Arte Moderna e Contemporânea da Drewatts, comentou sobre a coleção: “Estamos entusiasmados com o resultado deste maravilhoso grupo de obras da coleção de Marion Richardson. O facto de ter superado quatro vezes a estimativa de pré-venda mostra a procura de obras novas para o mercado com uma proveniência interessante e a contínua popularidade de obras ligadas aos artistas da Escola Bloomsbury.”

O talento de Richardson foi reconhecido desde cedo, quando ela estudou na Escola Municipal de Artes e Ofícios de Birmingham, de 1908 a 1912.

Licenciou-se como professora de artes e assumiu o cargo de Diretora de Arte na Dudley Girls High School, onde desenvolveu seus próprios métodos inovadores, que estimulariam as percepções visuais das crianças e inspirariam a autoexpressão.

Marion Richardson conheceu o artista Roger Fry em 1917 na sua exposição de Arte Infantil nas Galerias Omega, em Londres, onde conheceu também a artista inglesa Vanessa Bell (1879-1961) e o escocês Duncan Grant (1885-1978), que assim como Fry eram membros do Grupo Bloomsbury cuja convicção estava centrada na importância das artes.

Ao mostrar a Fry alguns dos trabalhos de seus alunos, ela ficou emocionada com a resposta positiva dele, que ficou tão impressionado que incluiu algumas das pinturas na exposição e tornou-se um defensor de seus métodos de ensino e de sua produção artística.

Richardson organizou uma exposição em 1923-24 sobre o trabalho dos seus alunos, nas Galerias Independentes de Londres e atraiu o interesse da imprensa e, em Janeiro de 1924, a Vogue nomeou-a para o seu “Hall da Fama”. Em 1930, tornou-se Inspetora de Arte nas Escolas do Conselho do Condado de Londres, onde ministrou cursos para professores e visitou escolas para ministrar palestras.

Em 1938, Richardson organizou uma exposição de grande sucesso de arte infantil no County Hall, em Londres, que incluía trabalhos de 500 crianças de escolas de Londres, que foi de tal forma forma importante que teve mais de 24 mil visitantes onde estavam incluídas a rainha Mary e suas filhas, a princesa Elizabeth e Margaret.

A artista liderou, ainda, uma das primeiras experiência em arte-terapia na Prisão Winson Green, em Birmingham, com grande êxito.

Quando se reformou voltou para Dudley e terminou o manuscrito do seu livro “Art and the Child”, publicado postumamente 1948, pois Marion moreu em 1946 ,um dia depois de escrever a dedicatória da obra.

Em 1947, Athene, o Journal of the Society for Education in Art, dedicou uma edição especial para homenagear Richardson, com patronos notáveis ​​e membros do painel consultivo, incluindo Duncan Grant, Henry Moore, Herbert Read e Sir Kenneth Clark, que a declararam como uma pioneira na educação artística e alguém que influenciou significativamente a reforma do sistema educacional, especialmente no ensino da arte e da caligrafia de crianças pequenas.

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