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“A ANDORINHA”- A estreia do TEC sem Carlos Avilez

Teatro português

O auditório do icónico edifício CRUZEIRO, recentemente reabilitado pela Câmara Municipal de Cascais para funcionar como uma academia de artes performativas, encheu para prestar homenagem a Carlos Avilez, verdadeiro mentor deste projeto que passa a levar o seu nome em memória da sua vida inteiramente dedicada ao teatro português.

Carlos Avilez nasceu em 1935 e estreou-se como actor na Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro em 1956, onde permaneceu até 1963, mas foi como encenador que se destacou.

Carlos Avilez e Carlos Carreiras, Presidente da Câmara Municipal de Cascais. Foto DR

Em 1965, tem conhecimento da desocupação do Teatro Gil Vicente, em Cascais, e assim nasce o Teatro Experimental de Cascais que rapidamente se torna uma referência, até porque, à época, era o único que apresentava uma companhia profissional portuguesa fora de Lisboa.

Durante o seu percurso profissional exerceu varias funções, destacando-se a direção do Teatro Nacional São João e do Teatro Nacional D. Maria II, bem como a de Presidente do Instituto de Artes Cénicas (IAC).

Em 1993 inaugurou a Escola Profissional de Teatro de Cascais, onde foi professor até ao fim da sua vida e em 1995 é agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Rompendo com as formas mais convencionais de encenação, tornou o TEC uma referência. A última peça que encenou foi Electra de Alexandre O’ Neill que estreou apenas quatro dias antes do seu falecimento, em 22 de Novembro de 2023.

Na passada Sexta-feira, dia 19 de janeiro, o Auditório, que desde esse dia passou a levar o seu nome, estreou a peça “A Andorinha” do espanhol Guillem Clua, com encenação de Cucha Carvalheiro.

A obra inspira-se num ataque terrorista perpetrado por um radical islâmico homofóbico que provocou dezenas de vítimas mortais numa discoteca estadunidense, frequentada por LGBT.

Luísa Cruz e José Condessa, no TEC, em A Andorinha. Foto DR

A narrativa vai-se desenrolando através do diálogo entre uma professora de canto, mãe de uma das vítimas do massacre, e um jovem que pretende ter aulas de canto para interpretar a música Andorinha num memorial em honra da sua falecida mãe.Por tanto amar aquele namorado que morreu, o jovem Ramón quer conhecer e aprofundar o relacionamento com mãe dele, mentindo continuamente e omitindo a sua verdadeira identidade com esse fim. A dissimulação inicial, à medida que a narrativa avança, vai dar lugar a um crescendo de emoções em que afinal, nem tudo é o que parece…

Juntos vão descobrir as suas virtudes, os seus defeitos, as suas mágoas, as suas alegrias, os seus preconceitos, as suas mentiras para que finalmente libertos, voem como a Andorinha.

Homenagem a Carlos Avilez. Foto DR

Amélia, a professora de canto, é interpretada por Luísa Cruz e Ramón, o jovem aprendiz, por José Condessa. Ambos são brilhantes no seu desempenho.

O TEC continua vivo e recomenda-se.

Com a colaboração e texto de Guilherme Fafaiol

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