Entrevista

Cláudia Jacques: “A felicidade tem de estar em nós. Não tem nada a ver com estarmos com outra pessoa”

Um casamento lindíssimo estilo conto de fadas

Numa conversa intimista, Cláudia Jacques conta como se apaixonou por Belmiro Costa, com quem casou em setembro do ano passado. A empresária fala da morte dos pais e da forma como prepara as filhas, Mafalda e Carolina, para o futuro.

Os anos parecem não passar por ela. Cláudia Jacques, de 57 anos, continua uma mulher bonita, inteligente, e cheia de charme. A relações-públicas não tem receio de continuar a apostar na felicidade. Em Setembro do ano passado, voltou a casar, pela sexta vez, com Belmiro Costa, de 51. O enlace teve duas cerimónias. A primeira no dia 19 de setembro, na Quinta da Salada, no Douro. Um verdadeiro “conto de fadas”, como a própria recorda. A 25 do mesmo mês o casal rumou a Marraquexe, fazendo-se acompanhar por 40 amigos, onde trocaram alianças. Este ano, na mesma altura, pretende celebrar um ano de matrimónio, também em Marrocos, no mesmo local onde fez a festa no ano passado.

Há uns anos não estava à procura do amor…

Não, não estava.

Dizia muitas vezes que estava bem sozinha…

Sim, e é verdade. Sentia-me feliz sozinha. Dizia que só deixava de estar sozinha e só valeria a pena novamente se aparecesse alguém muito especial. Já tive cinco maridos e estava um bocadinho cansada de relações, de ter de me dar, de ter de me adaptar às situações, aos horários e aos gostos … Isso cansa-me. E depois não é só isso. É a pessoa, a família da pessoa, os amigos, é uma multidão de gente que vem. Nunca é uma pessoa sozinha. E eu estava cansada.

Como e quando é que conheceu o Belmiro?

Eu e o Belmiro, durante três ou quatro anos fomo-nos cruzando em diferentes situações e eu não tenho nenhuma memória dele. Tivemos amigas que nos apresentaram mais do que uma vez e para mim era sempre a primeira, porque não me lembrava dele. Só para ver como é que eu estava…. Estava feliz e não olhava para os homens com olhos de poder haver alguma hipótese. Portanto, ele teve muito trabalho até chegar a mim. E ele ficava envergonhado porque às vezes apresentavam-nos e ele dizia: ‘Nós já nos conhecemos’ e eu pedia desculpa, porque não me lembrava de nada. Há força de tanta insistência comecei a reparar no Belmiro e foi num dos meus almoços – os almoços executivos – que fazia no Porto, que nos aproximámos e foi nascendo uma amizade. E nunca pensei que daquela amizade viesse a ser outra coisa além disso. Ele foi-se entusiasmando por mim e eu nunca dei conta. Depois havia amigos que me diziam que ele estava ‘caidinho’ por mim e eu não notava nada, até porque ele é um bocadinho reservado e não se expunha muito. 

Quando é que se apercebeu que estava apaixonada por ele?

Depois de um jantar de Natal que eu fiz, com 90 amigos, em Dezembro, ele foi o último a chegar e até tinha dito que ia mais cedo para me ajudar. Eu quase nem o vi durante o jantar. Pensei logo que se ele estivesse interessado, tinha chegado mais cedo, tinha tentado chegar a horas para ficar sentado ao meu lado.

Nessa altura já estava apaixonada?

Não, achei-o simpático por ter-se disponibilizado para me ajudar. Depois, daí para a frente é que ele foi mantendo um contacto mais próximo comigo. Íamos ao cinema, mas íamos todos em grupo. Não havia uma situação muito nossa. Depois ele foi sempre mantendo um contacto mais próximo telefonicamente e em janeiro, eu tinha sido operada ao nariz e ele começou a fazer-me muita companhia. E foi nessa altura que começamos a estarmos mais tempo sozinhos. Vimos muitas séries juntos. Um dia ele disse-me que eu estava muito afastada dele, porque eu estava num sofá e ele noutro e passado um bocadinho fui para o sofá onde ele estava sentado e aí foi aquele toque do corpo…. Sentimo-nos mais próximos e comecei a sentir ali alguma coisa por ele, além da amizade. E foi muito bom. No final de janeiro, ele deu-me o primeiro beijinho. Foi tipo um namoro à moda antiga. Foi tudo acontecendo de forma muito lenta, mas foi muito bom. Foi com muita verdade, muita seriedade. Não foi com aquela sede toda de conquistar rapidamente, foi deixando as coisas amadurecerem, o que também mostrou que estava com uma postura mais séria, não era para ser uma coisa fugaz, é para ser uma relação duradoura.

Foto: Paula Alveno
Foto: Paula Alveno

Entretanto começou a pandemia…

Sim, naquele primeiro mês ainda estava com a minha vida muito ativa e nem sempre estava com ele. Depois tive um convite de um estilista, que me chegou a vestir, para ir a Madrid e foi a nossa primeira viagem juntos. Nessa primeira viagem, já fomos confrontados no aeroporto com o uso de máscara. Quando regressámos de Madrid já existia um grande pânico em Portugal e acabamos por nos confinar. Infelizmente morreu o meu pai uma semana pouco depois, no dia 19 de março. E o Belmiro acabou por ficar mais tempo ao pé de mim, para me fazer companhia e passou a estar muito tempo lá em casa, até que decidimos que eu ia para casa dele, para a minha filha e o namorado ficarem mais à vontade, até porque ficarmos lá os quatro era um bocado complicado. Foi nessa altura que resolvi ir para casa dele. Os filhos do Belmiro vivem, normalmente, com a mãe em Guimarães. Eles vieram estudar para o Porto e vieram viver com o pai, mas com o confinamento voltaram para casa da mãe. Foi nessa altura, durante o confinamento, e pelo facto de estarmos 24 horas sozinhos, sem qualquer tipo de distração, porque não podíamos ir a lado nenhum, que fomos ficando cada vez mais próximos.

E também sem outras pessoas a interferir na relação…

Sim, é verdade. Foi uma coisa muito natural e muito pura. Ficámos sozinhos, como que numa lua-de-mel. No entanto, havia ali uma contrariedade de sentimentos porque, por um lado, sentia-me muito feliz com ele e, por outro lado, estava fragilizada e muito triste com a perda do meu pai. Fartei-me de chorar. Foi um choque muito grande e a companhia dele foi importante.

Depois a minha mãe foi ficando doente… E esse período aproximou-nos muito. Percebemos que éramos compatíveis. Ele disse-me que gostava de casar e eu disse-lhe que também. Passou-se o primeiro ano de Covid e no segundo ano, em junho, fomos a Veneza, porque o Belmiro não conhecia e ele decidiu surpreender-me e pediu-me em casamento.

Como é que foi feito o pedido?

Foi em Veneza, durante um passeio numa gôndola. Fiquei muito contente, porque tínhamos isso nos nossos planos, mas com esta situação do Covid e a ausência de uma vida normal, tivemos de adiar este sonho. Além disso, a minha mãe foi ficando pior, o meu cão foi mordido e ficou muito mal, esteve a morrer… 

Foi uma altura muito complicada?

Foi um período muito conturbado e a situação do casamento ficou a pairar no ar, mas sem pensarmos quando. Assim que aliviaram um bocadinho as restrições por causa do Covid, nós aproveitámos para ir a Veneza.

E quando é que decidiram que estava na altura de casar?

Foi em junho que  decidi: ‘então vamos já casar em setembro.’ Foi rapidíssimo. Em pouco tempo, decidimos tudo e foi mais giro desta forma. Eu gosto das coisas assim e na minha idade estar noiva muito tempo, já não fazia sentido. Eu não queria grandes festas, queria um casamento simples, na companhia das pessoas que nos são mais próximas e um dia que fosse para nós usufruirmos. Não queria aquelas festas grandes em que os noivos não aproveitam nada. O Belmiro é o meu sexto marido e eu a terceira mulher dele.

O casamento foi lindíssimo. Parecia um conto de fadas

Foi um casamento com duas cerimónias em locais diferentes: Um no Douro e outro em Marrocos…

Uma vez que eu conheço tantas pessoas e para não ferir suscetibilidades, disse ao Belmiro que a única maneira de fazermos o casamento era casar fora de Portugal. Lá oferecemos o jantar e o cocktail, mas as viagens e os hotéis ficaram a cargo dos convidados. Então, logo isso diminuiu drasticamente o número de pessoas que foram. Assim convidei todas as pessoas, mas só foi quem teve disponibilidade, férias e quem quis ir até Marraquexe. 

O primeiro vestido, que usou no Douro, foi uma criação do Gio Rodrigues, mas em Marrocos usou outro modelo, de João Rolo. Como foi a escolha desse vestido?

Quis um vestido que fosse um bocadinho diferente, porque a troca de alianças não foi na Europa.

E porquê Marraquexe?

Nós queríamos um destino que não fosse na Europa, mas que fosse quente, para ser ao fim da tarde e que tivesse aquela magia de Marraquexe.

Quantos convidados é que marcaram presença em Marraquexe?

Ainda foram 40 pessoas connosco. Foram mais do que imaginava e fiquei super feliz. No fundo, proporcionámos a algumas pessoas que nunca tinham ido a Marraquexe, uma viagem super gira de grupo. Criou-se ali uma amizade giríssima entre algumas pessoas que não se conheciam e uma onda de amor que já extravasava de nós para eles e deles para nós. Foi maravilhoso.

Mas casaram oficialmente no Douro?

Casamos numa quinta muito linda, de uns amigos nossos que tinham muito gosto em que casássemos lá. Foi nessa altura que decidimos que o casamento no Douro seria só para padrinhos e madrinhas e acompanhantes, e a nossa família direta, que são os nossos filhos. E depois iríamos fazer a troca das alianças em Marraquexe.

O casamento foi lindíssimo. Parecia um conto de fadas. Aliás, foram dois casamentos lindíssimos, muito diferentes, que se completam muito bem.

Foto: Paula Alveno

Como é que as filhas, a Mafalda e a Carolina, reagiram quando lhe disse que ia casar?

As minhas filhas gostaram logo muito dele. O Belmiro é uma pessoa muito calma, com os pés bem assentes na terra e, portanto, elas acharam o máximo eu casar-me novamente. 

E como é que foi a reação dos filhos do Belmiro para consigo?

Também foi boa. Eu só conheci os filhos do Belmiro no dia do casamento, porque eles estavam sempre em Guimarães com a mãe, e a pandemia afastou um bocadinho as pessoas. Como a mãe dele é uma doente de risco e também não quisemos poder ser transmissores de Covid para ela, através deles. Estávamos todos muito receosos com a situação e por isso conheci-os nesse dia. São muito amorosos, muito queridos, educadíssimos. Deram-se logo muito bem com as minhas filhas, têm idades próximas. Conversaram muito os quatro. E daí para cá temos estado juntos os seis.

E no meio da felicidade acabou por perder também a sua mãe…

Três semanas antes do casamento. Tive dois anos terríveis na minha vida. Perdi os meus pais, deixei de trabalhar por causa do Covid, o meu cão esteve quase a morrer… Eu falo do cão porque é como se fosse um filho e os meus pais tratavam-no verdadeiramente como um neto. De repente, começou a correr tudo mal na minha vida. Fiquei muito mal, chorei muitas vezes e ainda me emociono muito porque dói tanto, que não consigo falar disto de uma maneira mais fácil. É sempre penoso.

A sua mãe chegou a conhecer o Belmiro?

Sim e gostou muito dele. Quando lhe dissemos que íamos casar, ela ficou muito contente. Adorou a ideia. Ela já estava numa cama de hospital, portanto eu sabia que não ia poder assistir ao nosso casamento, mas ficou muito contente.

Nem fazia sentido adiar o casamento?

Não, porque o estado de saúde dela já não permitia que ela fosse ao casamento. Eu sabia que ela não ia ter forças, nem condições para ir. Foram dois anos de muita alegria, muita dor e muita tristeza. Foram dois anos que me desgastaram muito de várias maneiras.

Mas a vida segue…

É sempre muito penoso ver partir os pais…

Fazem-me falta. Agora eu sou o elo forte das minhas filhas, o ‘porto seguro’ delas, mas não tenho eu o meu, não tenho aqueles que estavam acima de mim que me davam colo, atenção, mimo. Sempre senti que eles estavam ali para mim e agora não tenho isso. Sinto um vazio, um buraco negro que está ali a pairar que parece que não fechou.

Mas agora também tem o Belmiro…

Tenho o Belmiro, mas ele não é a minha família que me acompanhou desde sempre. Tenho de superar e aguentar.

Mas tem sempre as suas filhas…

Sim, sou eu que tenho de as proteger, providenciar uma vida para elas, dar-lhes o colo, atenção, ajudar a resolver os problemas. Agora tenho esse papel, mas não tenho ninguém na minha retaguarda. Sinto-me mais sozinha. Tenho Belmiro, mas não posso subcarregá-lo com tudo. Ele também já não tem a mãe, tem o pai muito doente.

Uma coisa que me assusta muito é o envelhecimento do ser humano. É assustador. Não só envelhecemos por fora, como o nosso cérebro vai perdendo as capacidades. Que medo que eu tenho disso. A minha mãe sentia que estava a deteriorar-se.

Este ano como é que vai celebrar um ano de casamento?

Já marcamos uma viagem para Marraquexe. Alguns amigos também vão connosco. Nós queríamos ir e eles gostaram tanto que também querem ir connosco. Vamos estar no Douro no dia 19 de setembro. Os nossos amigos estão a preparar-nos uma surpresa e no dia em que trocamos as alianças, em Marraquexe, vamos estar lá novamente, no mesmo sítio. No meio destes azares todos, tive revelações maravilhosas dos meus amigos e sinto o apoio deles. É um apoio diferente, mas é importante.

Como é que está a correr este primeiro ano de casamento?

Está a ser muito bom. Não sei como vai ser o futuro, mas o presente está a ser muito bom. É levar um dia de cada vez. Damo-nos muito bem, somos muito compatíveis. É tudo muito leve entre nós. Não temos de fazer esforços, as coisas fluem naturalmente. Fazer demasiados ajustes seria muito cansativo.

Foto: Paula Alveno
Foto: Paula Alveno

O Belmiro tem um restaurante. Um projeto que estão a desenvolver em comum?

Sim, já o tem há 11 anos e ele achou que era giro nós envolvermo-nos como casal no projeto do restaurante. Digo projeto, porque nós decidimos fazer obras e remodelar tudo. O restaurante tem muitos anos e é um ícone naquela zona de Miramar. Fizemos obras estruturais e está um novo restaurante. Tem muito mais a ver connosco, comigo, e eu também tenho estado muito ao lado do Belmiro neste projeto.

E ele consegue acompanhá-la nos seus projetos/trabalhos?

Sempre que pode, acompanha. Ter um restaurante é uma prisão, mas o Belmiro sempre me disse: ‘vamos tornar isto suficientemente leve para que possamos ter a nossa vida e eu te possa acompanhar em muitas coisas. Um casal precisa de ter momentos a dois e ele gosta de me acompanhar.

É bom trabalharem juntos?

É se não for a tempo inteiro, por isso mesmo é que é melhor eu manter a minha atividade profissional. Acho que é mais saudável assim, porque se estivermos a tempo inteiro juntos também é cansativo.

Com o Casados à Primeira Vista voltou à SIC. Como é que correu a experiência?

É verdade. Já lá tinha estado como comentadora há uns anos. Gostei muito desta experiência. Não sei se me convidaram porque já tive seis maridos, seis casamentos, e que por isso era a comentadora certa para falar dos casais. Gostei imenso do programa. Achei superinteressante. Aprende-se muitas coisas com os especialistas. E também aprendemos a ver o que eles fazem com os outros casais e depois de vermos certas atitudes entre os casais apercebemo-nos que não vamos querer fazer o mesmo. 

Sinto-me em casa na SIC.

Gostava de voltar à SIC neste formato, numa próxima edição ou gostava de fazer outras coisas?

Gostava. Há muitas pessoas que me seguem no Instagram e que dizem que gostam muito de ver na televisão. Eu tenho um lado muito tímido, que as pessoas não se apercebem. Quando estou a falar de coisas com que estou à vontade, como, por exemplo, fazer os comentários sobre o que vejo, tudo bem. Não sei se noutro tipo de programas teria o mesmo à vontade. Eu nunca vou atrás de nada porque tenho o meu lado tímido, mas se me convidam eu fico feliz. Quero e vou.

Foto: Paula Alveno

Atira-se de cabeça?

Sim, para tantas coisas. Até para dentro de água, naquele programa de mergulhos, o Splash, fui para o Perdidos na Tribo, onde aconteceram coisas tão inesperadas que eu nunca na vida pensei passar por elas. Uma experiência que foi tão enriquecedora ao mesmo tempo. Ganhei muito com estas experiências. Foi um grande encontro comigo mesma, por ultrapassar muitas barreiras e dificuldades, e também quis pôr-me à prova.

Que outros projetos tem na forja?

Continuo com os almoços/jantares executivos em Lisboa e no Porto também me pedem muito, mas ainda não senti muito essa vontade, porque com a pandemia acho que as pessoas ficaram um bocadinho diferentes. Primeiro, porque tinham medo de se juntarem, depois perderam o hábito de se juntarem em festas e encontros e, sobretudo, o que eu acho é que as pessoas se desmarcam das coisas com a maior das facilidades, sem pensarem no prejuízo ou constrangimento que estão a causar à outra pessoa e não aparecem, e só dizem no dia seguinte que não puderam aparecer, ou mesmo em cima da hora. Mas têm-me pedido e em breve regressarei.

Durante a pandemia a Carolina fez Erasmus na Dinamarca. A Cláudia não teve receio?

Era uma coisa que já estava planeada, eu estive lá com ela várias vezes. Fui apresentar-lhe a cidade, andei a fazer o reconhecimento dos sítios, para ela saber o que é que tinha por perto, como o supermercado, como é que ia para a faculdade… Mas ela ficou um bocadinho triste, porque acabou por ter muitas aulas online, em vez de ter aquele convívio que seria normal ter, que é conhecer pessoas de outras nacionalidades.

Houve uma altura em que me disse que ia desistir se fosse para continuar a ter aulas num quarto e colocou a questão de vir para Portugal, para casa, assistir às aulas cá e depois ir fazer os exames à Dinamarca, mas eu fiz-lhe ver que não era uma boa opção. Disse-lhe que já que não ia fazer o Erasmus da forma como devia, que ia fazer de outra forma. Na vida há contrariedades e há coisas que saem ao lado dos nossos planos. Não lhes podemos virar as costas e vamos aproveitar para fazer uma adaptação ao que temos, sem dramas, nem obstáculos. ‘Vou aprender a viver com isto.’ É este o meu espírito que me leva a fazer as coisas que já fiz. Não podemos fazer resistência à vida. Temos de aceitar. A vida tem altos e baixos, com coisas boas e más. Tudo faz parte da vida: rir, chorar, ter problemas, ter de resolvê-los, etc.… temos de tratar das coisas de forma a estarmos felizes. Logo a seguir aparece outra coisa boa que lhe vai agradar. Disse-lhe para não virar as costas e aprender a estar sozinha, que é muito importante. É uma felicidade imensa e só um ser inteligente é que sabe estar sozinho, por isso é que estive aqueles três anos e meio sozinha e continuava assim. Não precisamos de ter uma muleta, não precisamos de ter ninguém ao nosso lado.

Foto: Paula Alveno

E como mãe não teve receio de a ter deixado na Dinamarca durante a pandemia?

Eu não sou das pessoas que dramatizou muito, ou seja, no início tive muito receio, mas depois não fui uma daquelas mães dramáticas. Tenho um lado destemido que me faz pensar nas coisas de forma positiva e o que é certo é que ela nunca apanhou Covid lá, veio apanhá-lo cá e nem teve sintomas. Não tive receios porque confio muito nas minhas filhas, pois são muito direitinhas e responsáveis. Claro que há mil e um perigos, mas nunca fui mãe galinha. Eu penso que se elas vão ter de sofrer, vão sofrer. Se eu minimizar o sofrimento agora, no futuro elas vão sofrer mais e vai ser pior, porque não se habituaram antes. Faz parte da vida, não posso colocá-las numa redoma. Posso estar lá para dar um abraço, um conselho, ponderar, dar diretrizes e dizer-lhes que para mim fazia assim, mas não posso nem pretendo evitar que as coisas lhes aconteçam. Isso é falsear a vida e depois vão sofrer muito mais tarde. Faz parte do crescimento.

Essa forma de levar a vida faz de si uma pessoa muito positiva, não é? Fá-la ser uma mulher feliz?

É, claro. A felicidade tem de estar em nós. Não tem nada a ver com estarmos com outra pessoa. As pessoas quando têm trabalho e forma de se sustentarem, se têm saúde e não lhes falta nada fisicamente, e temos pessoas à nossa volta que nos fazem bem, isso para mim já é felicidade. Se fui fazer uma viagem muito linda, ótimo, mas foi um momento, mas não é isso que me faz feliz. A minha felicidade é no dia a dia, nas coisas básicas e elementares a que eu dou muito valor.

Agradecimentos: Hotel Moxy Lisboa Oriente, Loja Maria Marcelino, Inês Pereira Cabeleireiros

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