Entrevista

“O Grande Espetáculo de Uma Vida” de Fernando Pereira

O Senhor das Vozes

É um cantor, humorista e um produtor de espetáculos português, com uma carreira reconhecida nacional e internacionalmente, aclamado pelas suas qualidades vocais fora do comum.

É uma personalidade única.

Um simples café com Fernando Pereira torna-se num momento de boa disposição e de surpresas constantes.

Num momento estamos com o Fernando, noutro estamos rodeados pelos sons da voz de Tina Turner, dos Bee Gees, e até sentimos que as personagens são também nossos companheiros de mesa.

Não tem lugar a palavra aborrecimento, até mesmo quando o seu olhar possa estar triste, a sua capacidade para fazer sentir bem os que o rodeiam é enorme.

No dia 15 de Setembro, às 22h00, no Salão Preto e Prata, no Casino Estoril apresenta “O Grande Espetáculo de uma Vida”, para celebrar os 40 anos de carreira.

Olá, Fernando…

Foste criado no meio de músicos. A influência familiar foi a tua grande inspiração ou o bichinho da música e sonoridades, já nasceu contigo?

– Nasci em Lisboa, filho de alentejanos, com toda a gente em casa a cantar maravilhosamente, penso que sim, que a família teve sempre uma grande influência no processo. E o facto do meu pai trabalhar na rádio Antena 2, no meio da música clássica terá também ajudado bastante a ganhar o ouvidinho que hoje tenho.

Estudaste para engenheiro técnico.  Acabaste a licenciatura ou a música foi mais forte e venceu a faculdade?

– Eu estudava engenharia, mas na verdade não morria de amores por aquilo…. Representava apenas um modo de vida para o futuro. Ainda bem que o mundo do espetáculo levou a melhor, pois apesar das exigências e vicissitudes, sou hoje um homem muito mais feliz.

Num certo momento da tua vida deves ter-te apercebido que a tua voz era especial, diferente dos outros. Quando tiveste noção disso? Como encaraste esse teu dom?  O primeiro artista que reproduziste, se não estou em erro, foi o Ian Gillan, dos Deep Purple. Uma voz nada fácil!

– As grandes vozes do rock eram na época o prato forte do meu repertório. E o Ian Gillan não lhes ficava atrás, obviamente. Lembro-me de cantar e fazer proezas com a voz desde sempre, mesmo já em criança. Mas a tomada de consciência e o interesse profissional surgiram bem mais tarde, já nos anos 80, quando percebi que esta forma de estar no mundo do espetáculo, era algo absolutamente invulgar e diferente de tudo o que existia. A partir daí nunca mais parou e já lá vão mais de 40 anos…

Onde começaste a atuar?

– Foi num pequeno bar das noites de Lisboa, a Tasca do Ti Marciano, em São Bento. Pouco tempo depois vieram outros e o processo tornou-se imparável, sempre a crescer e com coisas novas permanentemente a acontecer.

E a partir de aí, nunca mais paraste!

– Nunca mais parei! Apesar de alguns invejosos e idiotas de estimação andarem há 20 anos a tentar agoirar, não só nunca mais parei, como estou hoje a cantar muito melhor, a escrever textos muito melhor, a fazer cada vez mais vozes incríveis, a correr e a saltar cada vez com mais pica. Está de facto tudo cada vez melhor e sempre a crescer.

Como surgiu a América na tua vida?

– Surgiu de um desafio. Um certo agente de Nova Iorque resolveu provocar-me dizendo que o meu trabalho era a fingir, que “um português nunca poderia cantar assim tantas vozes americanas”. Eu e a minha banda ficámos picados e poucos meses depois eu já estava lá na América, a mostrar-lhe ao vivo como é que se fazia. O tal empresário pediu-me desculpa, contratou-me logo para trabalhar com ele e ficámos depois grandes amigos.

Achas que em Portugal o teu percurso artístico foi devidamente reconhecido? 

– Sim e não! Considero sinceramente que tive sempre muito sucesso, com milhões de pessoas de todas os géneros e idades a curtir e seguir o meu trabalho, fiz milhares de concertos por este país fora durante décadas, com a minha banda. Não me posso de facto queixar de nada. A partir de certa altura, o nosso sucesso tornou-se absolutamente insuportável para algumas pessoas e em certos circuitos foram-me bloqueando, é verdade. Mas penso também que isso faz parte da vida e o caminho se faz caminhando. No meu caso, sempre a bombar ao mais alto nível. E como já disse anteriormente, a fazer tudo cada vez melhor.

Ninguém tem o teu dom e consegue interpretar vozes de grandes artistas e interpretar as personagens, na perfeição como o fazes. Quais os momentos mais importantes ou que mais te marcaram neste percurso?

– São de facto tantos, que não caberiam nestas páginas. Mas o concerto que agora vamos apresentar no Casino Estoril vai ser sem dúvida um desses grandes momentos.

Voltas ao Casino Estoril, onde comemoras 40 anos de carreira, com “O Grande Espetáculo de uma Vida”. O que pretendes transmitir ao público português com este título, com este show?  Que são a tua outra família, que sempre te acompanharam e que queres partilhar com eles tudo o que tens para lhes dar?

– Tenho várias surpresas, situações inesperadas e convidados muito especiais. Mas também irei cumprir com aquilo que são as melhores expectativas dos que me conhecem bem e seguem há tantos anos. Vai ser um espetáculo com mais de duas horas, onde as pessoas vão encontrar o cantor, o entertainer, o artista das vozes, eu sei lá… Falando na terceira pessoa, vão ter ali o Fernando Pereira completo, talvez como muitos até hoje nunca viram. E isto não é uma promessa, é mesmo uma ameaça, ehehehe…

Como Fernando Pereira vai receber o público, no Salão Preto e Prata, no Casino Estoril

Este espetáculo será, seguramente, o êxito a que nos habituaste e já deves ter algo a fervilhar na tua alma. O que vem a seguir? Novos projetos?

– Para já, estamos concentradíssimos em produzir e levar ao palco do Salão Preto e Prata, aquele que será mesmo “O Grande Espetáculo de uma Vida”. Depois logo se verá, ainda é muito cedo e o futuro a Deus pertence.

Fotos: Paula Alveno

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