Aos 87 anos, partiu Jorge Nuno Pinto da Costa, grande dirigente do desporto nacional e um dos mais carismáticos e polémicos, que deixa um legado de 42 anos na liderança do clube “Azul e Branco” e considerado o mais bem-sucedido de todos os presidentes portistas.
O Futebol Clube do Porto e a cidade Invicta estão de luto. Amado por muitos e menos amado por outros, Pinto da Costa era um homem irreverente e incisivo, que sabia por onde ia e qual o caminho que queria percorrer.
Um livro marcante
“Azul até Ao Fim” é o quinto livro do dirigente, publicado em outubro de 2024. São 216 páginas que o antigo líder dos dragões torna públicas, num livro marcante que termina com a partilha do que pretendia para o seu funeral e quem quer estivesse presente e os que não queria.
Quando uma “estória” é uma boa recordação
Em jeito de confissão, queria partilhar um episódio em que estive com o antigo líder dos Dragões.
Há alguns anos fui em trabalho ao Porto, fazer uma produção fotográfica com Ricardo Quaresma, que na época era jogador no Futebol Clube do Porto.
Nessa mesma noite, no restaurante onde jantava com amigos, estava Pinto da Costa a duas ou três mesas de distância, também a jantar com alguns amigos.
Ao sair, perante o espanto dos que me acompanhavam, não resisti e dirigi-me à sua mesa, e com cordialidade apresentei-me e pedi-lhe se podia responder-me a uma pergunta.
Calmamente, ele levantou-se e com um sorriso e uma expressão intrigada começámos o diálogo:
– “Depende”, disse ele.
– “Será que algum dia terei o prazer de o ouvir dizer bem do meu clube, porque quando o Porto jogava com equipas estrangeiras eu torço sempre pelo seu clube”, afirmei.
– “Já vi que não é de cá. E qual é o seu clube e porque veio ao Porto?”, questionou ele.
– “Sou do … e vim fazer uma produção fotográfica com o Ricardo Quaresma”, respondi-lhe.
No meio de uma gargalhada sonora Pinto da Costa respondeu:
– “A menina pode torcer pelo Porto e vir trabalhar com um dos meus jogadores, revela que tem bom gosto mas…ouvir-me falar bem do seu clube…ainda tem idade para sonhar. Pode sempre passar pelo Dragão e filiar-se no grande clube”.
E terminou ali a nossa conversa! Agradeci-lhe e despedi-me com um aperto de mão que retribuiu com gentileza.
São estas pequenas “estórias” que trazem momentos agradáveis à nossa profissão. Este foi um momento que não irei esquecer.
Descanse em paz, Presidente!
