“FACTUM” de Eduardo Gageiro – Exposição de Fotografia
O seu olhar feito de humanidade, pela forma como retrata o quotidiano dos Portugueses nos anos 50.
A exposição fotográfica de Eduardo Gageiro inaugurada no dia 26 de fevereiro na Cordoaria Nacional, representa uma introspetiva da vida em Portugal antes e pós 25 Abril de 1974. São 170 imagens, desde os anos 50 até aos nossos dias, onde estão incluídas fotos durante o movimento militar do 25 Abril nas ruas de Lisboa.
O seu olhar feito de humanidade, pela forma como retrata o quotidiano dos Portugueses nos anos 50, o seu trabalho nas fábricas e na ruralidade do local onde nasceu em 1935 em Sacavém.
O que hoje é considerado trabalho infantil, numa época em que não havia espaço para se ser criança, para os que nasciam na classe trabalhadora, ele começou muito cedo a trabalhar como empregado de escritório na Fábrica de Loiça de Sacavém.
O seu espírito de fotojornalista inicia-se devido à sua convivência com operários do seu local de trabalho. Aos 12 anos publica a sua primeira foto no jornal Diário de Notícias que lhe valeu a primeira página.
É em 1957 que inicia a sua vida profissional como repórter fotográfico no Diário Ilustrado e Século Ilustrado, entre outros. Mais tarde também trabalhou para a Assembleia da República e Presidência da República.
Podemos assistir à forma como acompanhou de forma critica a emigração, a repressão policial do Estado Novo, as manifestações populares, a religião e as figuras importantes das artes, desporto, economia e política.
Não esquecer, as excelentes e marcantes imagens do 25 de Abril que são retratadas como se o espetador saltasse para a época em que tudo aconteceu. Sente-se a pressão, o nervosismo dos militares e a carga emocional do que representa a mudança da sociedade a sair de uma Ditadura e a caminhar para a Democracia que vivemos hoje.
Os Repórter Fotográficos em Portugal, que resistem às vicitudes da sua profissão, sentem falta do jornalismo de rua, do contato com as pessoas, da realidade de quem trabalha, ou seja, de tudo aquilo que fez o fotógrafo Eduardo Gageiro, que produz uma espécie de nostalgia quando apreciamos todas as suas imagens. Também está patente na exposição o equipamento fotográfico que o acompanhou durante as suas reportagens.
O que é exigido a quem assiste a esta exposição é uma reflexão ampla sobre a história atual do nosso país, para que os erros do passado não se repitam. Temos o exemplo das imagens censuradas pelo Estado Novo a que chamavam o lápis azul.
Esta exposição, com entrada livre, está patente ao público até maio, de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h0018h.